domingo, 5 de junho de 2011

A violência travestida faz seu trottoir 2

* "Alberto Tadeu Cardoso Guerzet, conhecido como Tadeu" - Coordenação Estadual do MTL

"(...) na maioria silenciosa, orgulhosa de não ter
vontade de gritar, nada pra dizer
a violência travestida faz seu trottoir

(...) no vídeo, idiotice intergaláctica
na mídia, na moda, nas farmácias
no quarto de dormir, na sala de jantar
a morte anda tão viva, a vida anda pra trás

(...) uma bala perdida encontra alguém perdido
encontra abrigo num corpo que passa por ali
e estraga tudo, enterra tudo, pá de cal
enterra todos na vala comum de um discurso liberal"

(A violência travestida faz seu trottoir - Engenheiros do Hawaii)



Houve um caso grave de violência na nossa cidade essa semana sobre o qual eu gostaria de comentar: A cobertura das manifestações feita pelos jornais A Tribuna e A Gazeta.

A Tribuna e A Gazeta fazem matérias criminalizando estudantes individualmente, o que, além de tudo, é um ato de irresponsabilidade. Elas colocam em risco a vida dessas pessoas. Depois de ter minha foto estampada no jornal, muitas pessoas me abordam nas ruas perguntando se sou "o estudante preso". Dá para imaginar? Enfurecem a sociedade e depois colocam o "rosto do responsável" estampado.
Felizmente, a maior parte da opinião pública (a das pessoas de bom senso), estão do nosso lado apesar de todas as mentiras.

Em um dia, os jornais A Tribuna e A Gazeta, folhetins de péssima qualidade jornalística, vale dizer, transformaram uma passeata de estudantes em "atentado terrorista contra o povo capixaba"! Esses mesmos jornais que querem demonstrar tanta preocupação com o "povo capixaba", foram os mesmos que protegeram e ajudaram a "dar fuga" e esconderijo para a Scuderie LeCocq dentro do governo Paulo Hartung e na ALES. a pouco tempo atrás. Esses mesmos jornais que se dizem tão preocupados com o "povo capixaba" são os que abafaram o caso de corrupção e a queda do Prefeito de Aracruz, Guaçui, Fundão e Pedro Canário.

Serviço de desinformação do ES - A Gazeta e A Trbuna!

Pois a passeata de rua é a forma de protestar mais comum e utilizada pela raça humana desde que as ruas foram inventadas!!!!

 As "diretas já" no Brasil, as manifestações contra a guerra do Vietnan nos EUA, as da praça celestial na China, os trabalhadores de sindicato na Rússia, as históricas passeatas da situação e da oposição a Allende no Chile, o maio de 68 na França, contra a CPE na França, contra reunião do G-8 em Gênova na Italia, Seattle - EUA, o Fora Collor no Brasil... Argentina, México,Venezuela, Alemanha, Grécia, Libia, Egito, Inglaterra, Espanha, Portugal.... Até no Afeganistão e no Iran acontecem passeatas de ruas!!! O mundo inteiro faz protesto nas ruas, e quanto mais desenvolvido o país e quanto maior o nível intelectual de sua população, maiores e mais frequentes são esses protestos nas ruas!! Mas aqui, no Espírito Santo, a imprensa marrom (os jornais comprados pela CVRD, FIBRIA e MITTAL) convencem o idiotismo capixaba de que isso é um "excesso" é uma forma "violenta" de se manifestar, de que "é errado" fazer isso...
Ainda estou esperando a hora de abrir o jornal e encontrar algo do tipo "Os líderes das manifestações são ligados ao Comando Vermelho, e os manifestantes não são estudantes, são traficantes foragidos do complexo do alemão".

No ES, no entanto, A Tribuna e A Gazeta querem se vangloriar, naquelas conversasinhas de mesa dos buffets e jantares entre os orgãos de repressão em suas celebrações anuais, por terem sido responsáveis pela criminalização da pesseata de rua na primeira cidade do mundo! Vitória-ES.

SER "REAÇA" É MODA NO ES

O estado ignora completamente qualquer desgaste político que venha a sofrer se sustentando no alicerce da mídia, que garante o emburrecimento da opinião pública formando o senso comum idiotista capixaba.

Outra coisa em que os jornais estão tendo eficácia, é em convencer parte da população de que os estudantes começaram a "baderna" e, por terem começado a jogar pedras na polícia antes que ela começasse a atirar, está justificado terem apanhado e sido presos.

Sejamos razoáveis.

Na quinta feira eramos cerca de 500 estudantes numa passeata sem nem mesmo um carro de som! De repente a polícia começa a atirar indiscriminadamente contra todos. Realmente é tão espantoso que algumas pessoas tenham reagido atirando pedras??!??! Você que está lendo esse texto realmente acha uma cena chocante e violenta ver um estudante de 18 anos atirando uma pedra num soldado brutamontes do BME de colete à prova de balas, capacete, caneleira, toca ninja e uma espingarda calibre 12 na mão??!? ou isso tudo é emoção fabricada?

Os meios de comunicação estão sendo eficazes em convencer a opinião estúpida capixaba de que "houveram excessos de ambos os lados", a polícia que atirou, acertou, machucou, feriu, prendeu 25 estudantes, prendeu um pedreiro no ponto de ônibus, prendeu um jornalista do Século Diário e um morador da vizinhança que observava a manifestação... do nosso lado, o excesso teriam sido: termos fechado a rua, bloqueado o trânsito e termos respondido jogando algumas pedras.

Nessas horas eu questiono onde está a violência mais intolerável? Fui detido e algemado pela cavalaria. Fui retirado de dentro de um ônibus na hora de ir embora sem ter feito nada além de caminhar pela rua, ok, atrapalhando o trânsito. Fui entregue ao BME pelos PMs da cavalaria. Fui atirado num camburão abafado com um estudante claustrofóbico e deixado lá, com ele sentindo crises por cerca de uma hora. Fui levado ao quartel do BME onde fui hostilizado. Disseram que me observam a muito tempo e que se lembravam de mim da ação na Barra do Riacho. E que eu "estava fudido com eles". Fui levado ao DPJ onde fiquei até 5h da manhã aguardando a má vontade dos policiais civis passar, com o próprio secretário de segurança do ES, Henrique Herkenhoff, pressionando o delegado para que não nos soltasse. Enquanto isso fiquei com mais 19 estudantes, homens e maiores de 18 anos, numa cela com mais 7 prisioneiros comuns.

Mas tenham certeza que o medo que sentíamos era muito mais dos funcionários públicos da repressão que estavam do ladod e fora da cela, do que os que estavam do lado de dentro!

Durante o tempo que fiquei na cela eu tentava imaginar como seria se houvesse uma manifestação com todos os 300 ou 400 mil habitantes que temos na cidade...

Na minha opinião, haveria uma grande dificudade de organização. Muitos grupos isolados cometeriam excessos, depredariam alguma coisa ou outra...

Mas com certeza a polícia apareceria para dar cete em todo mundo e a mídia, no outro dia, diria que houve uma baderna, desorganizada fruto de um protesto violento. E terminariam dizendo que aqueles "indivíduos" estavam atrapalhando a população de Vitória!

http://www.youtube.com/watch?v=ZV2LGwG7ZHo&feature=related



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