E a velha europa cada vez se afunda mais na crise que ela própria cavou com seus pés!
Consequencia de uma década de subserviência aos organismos ortodoxos tradicionais, políticas elitistas de governos de direita. Esse trimestre, entre os 17 países que compartilham o euro e do conjunto da União Europeia, houve um crescimento de apenas 0,2% com relação ao trimestre anterior.
A economia da Alemanha, a mais industrializada, foi a que teve o melhor desempenho comparada ao período anterior, cresceu cerca de 2,5%. Já a França tem uma previsão de crescimento de 1,7% este ano. A Grécia, coitada, decresceu mais de 5% com relação ao mesmo período do ano anterior. O FMI anuncia mais uma liberação de grana-preta-direta para os cofres da Grécia que sobrevive em pé de guerra contra seus próprios cidadãos que a cada dia rejeitam as soluções sistêmicas propostas. A crise do capital levou ao fundo do poço esse país, o governo vai pagar metade do que deve pois não tem como fazer diferente, ora bolas, o dinheiro acabou!! Ai o FMI dá mais dinheiro para pagarem o que devem, ficando assim devendo mais. E o que significado tem o "capital financeiro" para além de uma simples grande roda de dívida?
Os bancos da zona do euro anunciam corte de 500 bilhões nos empréstimos para os países que não são tão ricos. Isso terá um impacto maior na República Checa, Hungria, Romênia e Polônia. Outros países que podem ter "investimentos" diminuídos com essa política de austeridade são Ucrânia, Malásia, Africa do Sul, Argentina e ... Brasil. Esses bancos representam cerca de 19% do mercado bancário do Brasil!
ITALIA
ITALIA
A recente queda de Berlusconi não significa muito mais, em termos políticos e econômicos, do que costuma significar aquelas quedas dos treinadores do campeonato brasileiro em termos técnicos. Medida para passar uma sensação de mudanças para a torcida. Ou seja, mude tudo para que tudo permaneça como está! Para a esquerda ver Berlusconi saindo, mesmo que pela porta da frente, tem um valor simbólico importante.. e é de fato importante!
Novas eleições só em 2013... E com uma divida de 2,7 trilhões de dólares a Italia passa por uma recessão, desaceleração da economia, altos juros e altos "spreads" dos bancos (e os banqueiros são sempre os últimos a perder na crise). Uma das medidas propostas por Berlusconi antes de cair para tentar poupar 45 bilhões para atingir o equilíbrio em 2013 era cortar gastos e privilégios políticos e privatizar empresas estatais. Vale lembrar que este ano Berlusconi já havia perdido um plebiscito pela privatização do sistema hídrico, o que revelou parte dos 66% de rejeição que sofria em seu país.
Como todo país conservador subordinado aos ditames do FMI e Banco Mundial, as medidas esperadas são sempre privatizações, cortes de postos de trabalho, aumento da idade para aposentadoria e ajuste fiscal. O governo já anuncia, numa carta enviada à comunidade européia, pretensões de aumentar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos para as mulheres. Nessa mesma carta, revela a expectativa da eliminação de 300 mil postos de trabalho!
BRASIL
A medida em que a crise enfraquece mais mercados que interagem com o Brasil, aumentam os impactos em nossa economia que, óbviamente, não possui carcaça blindada. Existe para a esquerda uma tarefa de organizar uma frente de resistência às medidas exigidas pelas organizações financeiras para proteção de seus créditos numa luta que deve se manifestar concretamente.
A exigência de fixar 10% do PIB para educação é uma delas, essa pauta define paradeiro para recursos públicos em uma área fundamental para o país. A luta pela elevação do salário mínimo é outra, a luta contra as privatizações, contra as reformas que retiram direitos trabalhistas e por uma reforma tributária que seja capaz de taxar as grandes fortunas, uma reforma agrária que retire privilegios dos grileiros e latifundiários, que redistribua a terra e o poder no Brasil. Algumas dessas medidas são fundamentais para nos proteger, nós trabalhadores, dos impactos dessa crise que ainda é um fantasma rondando o mundo e a europa.
Essa frente precisa ter uma abrangência institucional e estrutural forte. Precisa determinar pontos programáticos inegociáveis e, nesse contexto, destaco o papel político do PSOL. O PSOL precisa protagonizar e ser capaz de redefinir um campo político mais amplo que nos permita pactuar bandeiras que garantam a sobrevivência dos postos de trabalho e, dessa forma, conter o esfarelamento dos níveis de consciência de classe.
Ao mesmo tempo precisaremos conquistar referencia nas lutas espontâneas que surgirão como consequencia das medidas de reajuste frente a crise. Além de um programa bem definido, precisaremos dessa abrangencia institucional também, para demonstrar a força de nossa ferramenta e dar concretude ao nosso programa, sendo capaz de conquistar a confiança das massas de trabalhadores e fortalecer suas reivindicações.
Com essa ferramenta poderemos redefinir e demarcar o campo político dentro do qual aplicaremos nossa luta revolucionária neste próximo período, na base, com o povo organizado e com a união do campo e da cidade!