sexta-feira, 24 de junho de 2011

Estado consegue matar mais um militante na Barra do Riacho!

Depois de terem sido violentamente desabrigadas pela policia de Renato Casagrande e Henrique Herkenhoff, resultando na morte da Dona Santa, as famílias foram colocadas numa quadra esportiva de uma escola. Esse é o município de Aracruz, esse é o governno do estado do Espírito Santo!
Cerca de 400 pessoas estão numa quadra passando frio e com dificuldades. Essa semana, o senhor Sebastião faleceu vitima de uma pneumonia causada pelo forte frio. Essa morte é resultado do descaso do estado com pessoas e o olho grande do estado com o pedaço de terra que tomaram sem planejamento e sem ganrantias dadas para aquelas famílias.
Já é a segunda morte e ninguém se responsabiliza? O terrorista Henrique Herkenhoff, o ladrão Ademar Devens ou o governador que mata gente para as empresas, Renato Casagrande?

A CUT começou a aparecer depois que o desastre ganhou notoriedade na TV. Antes disso, poucos foram os "amigos da Barra do Riacho".

quinta-feira, 16 de junho de 2011

#MarchadaLiberdade em Vitória!

UFES 14h
NESSE SABADO dia 18



Em mais de 30 cidades por todo o Brasil já está confirmada a realização da Marcha da Liberdade. No Espírito Santo, onde recentemente tem ocorrido severa repressão às manifestações contra o aumento da passagem de ônibus, não poderia ser diferente: vamos nos reunir no próximo sábado (18/06), a partir das 14h (concentração em frente ao Teatro da Ufes), para marcharmos juntos, em defesa da liberdade de expressão e contra toda forma de preconceito e violência!
A Marcha da Liberdade em Vitória congrega mais de quarenta entidades e movimentos sociais em uma mesma pauta: fazer valer a Constituição Brasileira quando diz que "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença". Acreditamos que a liberdade de expressão é a base de todas as outras: de credo, de assembleia, de posições políticas, de orientação sexual, de ir e vir, de resistir. Por isso, convidamos todas as pessoas que também acreditam nisso, que não se intimidam, e que insistem em não se calar diante da violência, para se juntar a esta organização coletiva. 
É pela consciência de ainda vivermos em uma redoma invisível que nos aprisiona dentro de nossos preconceitos que convocamos todos aqueles que dizem não à violência, não ao preconceito, ao conservadorismo e a intolerância. Estamos reunidos porque somos a favor do diálogo e da manutenção de uma sociedade consciente de seus direitos e deveres. E por isso vamos às ruas! Porque lutar pelos seus direitos e manifestar sua insatisfação com os problemas da sociedade é um direito garantido por lei. 
Ciclistas, lutem pelo fim do racismo. Negros, tragam uma bandeira de arco-íris. LGBTT, gritem pelas florestas. Ambientalistas, cantem. Artistas de rua, defendam o transporte público. Pedestres, falem em nome dos animais. Vegetarianos, façam um churrasco diferenciado! Tragam seus instrumentos, flores, participem! Lutar pelos seus direitos não é crime!


quarta-feira, 15 de junho de 2011

O dia em que Vitória parou

* Gustavo De Biase, coordenação estadual do MTL





O Movimento Estudantil sempre esteve presente na luta por uma sociedade mais justa, contra a opressão que sofre a classe trabalhadora. No ES, há vários anos o movimento atua no debate do transporte público e também em outros temas importantes como moradia, saúde, educação e muitos outros. Até 02/06, mais de 10 protestos já tinham acontecido em 2011 no ES, pautando a questão do aumento tarifário e reivindicando melhorias no sistema de transporte. Dias antes, o Governo Casagrande já havia mostrado seu cartão de visitas durante "A Barbárie de Aracruz", na maior operação policial da história em nosso estado, culminando na morte de uma senhora e com mais de 1000 pessoas sendo despejadas de forma ilegal, cruel e desumana.

o Movimento Contra o Aumento (MCA), composto por pessoas que participam de vários movimentos sociais, estava planejando e anunciando há 2 meses que Vitória ia parar. Porém, o governo não deu crédito, a imprensa também não deu crédito e não houve nenhuma proposta para iniciarmos o diálogo que ainda tanto queremos ter com o poder público. As ruas foram fechadas por muitas horas e a cidade parou! A mídia local (com exceção do Século Diário) tentou abafar o movimento, com manchetes tendenciosas e matérias nas quais nos taxavam de "baderneiros" e "anarquistas eleitoreiros". Mas, quem são os baderneiros de fato? Uma manhã com ruas fechadas não é nada se comparado ao ano inteiro de sofrimento de uma pessoa que ganha um mísero salário para pagar passagem de ônibus, comprar gás, alimentos, roupas, pagar contas de água, energia e no meio dessa rotina "escravista", tentar sobreviver.

Baderna é uma concessão para atuar no transporte público ser renovada sem antes haver uma licitação, como seria o correto em 1998 (Transcol). Baderna é quando o governo desaloja famílias em Aracruz, Santo André e não se responsabiliza pelo destino delas. Baderna é o que o BME, GAO e ROTAM fazem com os movimentos sociais, a mando do governo. Baderna é que acontece na saúde pública do ES, onde pessoas morrem nos corredores sem atendimento ou nas ambulâncias esperando vagas. Baderna acontece nos presídios capixabas, onde detentos são torturados e esquartejados, em situações que chegaram até a ONU. Baderna é a educação pública de péssima qualidade que o Estado oferece para a população. Baderna é um governo se dizer socialista e atirar primeiro, pra depois pensar se vai conversar.

O Movimento de estudantes e trabalhadores que está nas ruas, a cada dia ganha mais adeptos e fura o bloqueio de alguns jornais vendidos, que a todo custo tentam criminalizar o movimento. Fomos atingidos por bombas, balas de borracha, cassetetes, palavrões, prisões, ameaças, tapas, socos, notícias falsas, calúnicas, infiltração de falsas lideranças, perfis falsos nas redes sociais... Mas, enquanto os cães continuam latindo para nos intimidar, a nossa caravana segue para alcançar seu objetivo, que vai muito além da redução da passagem: uma sociedade justa, onde todos os recursos que o Estado tem, sejam de fato investidos na população, que é a razão da existência dele.

terça-feira, 14 de junho de 2011

De malungo pra malungo...

*Resposta de Tadeu Guerzet à Gustavo Badaró, a respeito das manifestações de 2005 e as de 2011.
 
Acho necessário que uma resposta seja dada ao meu ex-companheiro de DCE e de manifestações Gustavo Ramos Badaró, o Badaró. Sem inocências...
 de malungo pra malungo”
 E é justamente na hora em que os acontecimentos recebem tantos olhares, críticas, comentários, elogios, ambição... que é quando eles, por mais paradoxal que possa parecer, recebem menos atenção!
 
QUEM TE VIU...
 
Conheci Gustavo Badaró antes de entrar na UFES, por volta de 2002.
 
Badaró era próximo do PT, embora não tivesse sua atuação pautada no partido. Nessa época ele já possuía um longo chão percorrido na UFES e já havia acumulado muitas histórias e mitos ao redor de seu nome.
Em 2004 nós montamos uma chapa para as eleições do DCE da UFES. A chapa tinha como integrantes, além de nós, Ruy, Ana Paula, Marcos Vinícius Podestá, Chakal, Grazi, Diego, Java, Vacari, Vinícius Mansur, Carol da PSI e outras figuras. Dois dos membros da comissão eleitoral, que eu me recordo, (de um total de 3) eram Luis Cláudio Kleim e Martinho Freitas Salomão.
A nossa chapa possuía um forte conteúdo contestador da ordem. Nossa linha criticava enfaticamente o governo Lula (pela esquerda) e seu projeto atrasado para a educação. Atuamos juntos nessa gestão de 2004, Badaró era coordenação geral do DCE, eu era diretor de "Movimentos Sociais".
 
Em 2005, mais uma eleição, dessa vez, entretanto, montamos chapas diferentes. Badaró organizou a chapa AUTONOMIA ESTUDANTIL, que tinha um conteúdo autonomista/anarquista. Criticava as organizações partidárias e as entidades formais do movimento estudantil. Eu, do meu lado, participei da chapa PRA TRANSFORMAR O TÉDIO EM MELODIA, que mais uma vez apontava críticas aos governos e o projeto educacional que entrava goela abaixo das universidades federais. Os militantes partidários de nossa chapa faziam parte da ruptura que o PT sofreu nesse ano: Eu, Danilo Bicalho, Ana Paula, Camila Valadão, Samanta, Kelly...
Essa foi uma das eleições mais tumultuadas da história da UFES, com inúmeras ocorrências nas urnas por motivos esdrúxulos. Na apuração foi revelada uma fraude que prejudicou enormemente a chapa PRA TRANSFORMAR O TÉDIO EM MELODIA numa das urnas mais centrais para nós, a do curso de pedagogia.
 
Logo após o processo eleitoral, explodiram as manifestações vitoriosas de 2005 pela redução da passagem. Tanto o grupo “Autonomia Estudantil” quanto o grupo da chapa “Pra Transformar”, estiveram frontalmente envolvidos na organização, mobilização e nas ações de 2005. Por isso me surpreendeu, entre várias outras coisas, que uma das críticas que Gustavo Badaró faça ao atual movimento seja a respeito do fechamento de rua.
 
Outra crítica que Gustavo Badaró faz, é a de que, segundo ele, o movimento não procura o diálogo.
 
Sabem quantas vezes negociamos com o governo em 2005? NENHUMA.
Sabem quantas reivindicações haviam em nossa carta? Se houvesse pelo menos uma carta, haveria uma: Redução da passagem... só... não importando como e nem se seria possível tal reivindicação.
 
Em A Gazeta do dia 07/06/2011, um artigo do professor Roberto Simões reforça que o movimento buscava o diálogo desde abril. E desde abril avisava “Vitória vai parar” e em nenhum momento o governo, que tem se demonstrado falho nas negociações, ainda segundo o professor Roberto Simões, procurou os manifestantes.
 
O movimento de 2005 foi um encontrão! Badaró deve se lembrar que não tínhamos plataforma política e as lideranças das “organizações políticas” e “desorganizações políticas” foram pegas com as calças na mão. Não tínhamos debate e nem argumentação. Nosso principal argumento era o de que seria o segundo aumento do ano, e que aquilo era uma sacanagem!
 
Em 2005 nós fechamos as ruas todos os dias, completamente! Fechamos a rua com o mesmo Badaró que diz hoje que a sociedade fica prejudicada com manifestações. Lógico, a sociedade fica prejudicada com e sem elas, eu completaria! Com um discurso APELATIVO, ALARMISTA E SENSACIONALISTA do tipo “uma criança doente precisa chegar ao hospital”, ele acredita que está revelando um grande segredo das ciências sociais.
 
Voltando mais uma vez à 2005, quando fomos pela primeira vez na terceira ponte, fomos com o objetivo de fechar o acesso dos carros a Vila Velha, como havia sido feito tempos antes em Florianópolis, em uma manifestação. Foi então que um funcionário da Rodosol chamou o comando de organização para uma conversa. Na conversa ele propôs que abríssemos as cancelas, ao invés de fechá-las. A organização precisou fazer uma reunião para se discutir, pois não havia consenso,Parecia que nos queriam "engabelar".
 
Gustavo Badaró foi um dos maiores freqüentadores do carro de som da manifestação, se destacando como uma das diversas lideranças. Sempre com um discurso e uma prática anarquista, libertária, radical. E não estamos falando de um adolescente que estava amadurecendo suas opiniões, mas sim de um militante estudantil provado, com anos e anos de atuação no DCE e nos conselhos durante sua graduação.
 
Depois de 2005, o movimento de reivindicação sobre transporte, através do MPL, principalmente, começou a se aprofundar no debate de mobilidade urbana, tarifa zero e outras questões. Nesse período, Badaró já havia se afastado do protagonismo do movimento.
 
...QUEM TE VÊ
 
Depois de concluir sua graduação, Badaró se filiou ao PSB, partido do governo. Essa informação não desqualifica as críticas de Badaró, o que as desqualificam são algumas mentiras que ele contou, seja deliberadamente ou por falta de informação sobre o que está acontecendo no interior do movimento. Prefiro acreditar que tenha errado por falta de informação! Entretanto, essa informação é importante, pois LOCALIZA o centro gravitacional e o mérito de um texto que criminaliza o movimento de rua e aponta o PSOL, e o Gustavo de Biase, como figura "culpada" de tal "crime". Um texto que chama lideranças de "irresponsáveis" por fecharem rua. A importância dessa informação consiste em que, para pessoas com envolvimento direto no resultado disso tudo, e com muito interesse de que essas manifestações acabem, é conveniente dizer que: “só são irresponsáveis manifestações que fecham ruas, quando é contra o governo de quem escreve a matéria!” Quando é contra o governo de outro, ai vale fazer!
 
Diferentemente dos textos que costumava escrever durante sua graduação, nos tempos de movimento estudantil, recheados de personalidade, radicalismo anarquista e vocabulário anti-partidário, nesse texto, Badaró copia o editorial de A Tribuna e A Gazeta e se apropria dos mesmos argumentos da “A Tribuna” da sexta-feira dia 03. O conteúdo conservador do texto do Badaró está à direita dos jornais de circulação de massa, que estão se retratando desde a última sexta-feira, em que mais de 4.000 pessoas foram às ruas. Badaró e poucos outros, mantiveram o tom criminalizador do movimento e das lideranças.
 
Em seu texto Badaró faz diversas críticas apócrifas ao movimento. Vou enumerá-las:
 
1) “Não existem entidades legitimando”: o DCE da UFES, o grêmio do colégio Elsa Lemos de São Pedro e, a partir de segunda feira, a própria UNE e o grêmio do IFES, aprovando em assembléia a posição que derrotou o Fábio Lúcio, com um massacre da base revoltada com o posicionamento declarado pelo grêmio nos jornais na sexta feira 03/06/2011. A UNE desautorizou a antiga nota (que eu ainda nem li) e redigiu uma nova nota.
 
2) "Nunca quiseram dialogar e nem enviaram carta": De janeiro para cá já produzimos 3 cartas de reivindicações diante das negativas do governo estadual, diferentemente de 2005, movimento em que ele fez parte, que não elaborou nenhuma carta. Elaboramos propostas que foram classificadas como “relevantes” até pela mídia (TV Capixaba e A Gazeta impressa).
 
3) Em quase todo o seu texto, Badaró insiste que  NÃO foi tentado diálogo. Pois bem. De dezembro até hoje, fizemos 3 ou 4 reuniões com o secretário de transportes Fábio Damasceno, a presidente da CETURB Denise Cadete e o secretário da Casa Civil, Cicilioti. Nos reunimos com o Vice Governador duas vezes,protocolamos oficialmente duas cartas de reivindicações que foram negadas, nos reunimos outras 2 vezes depois de quinta feira. Nos reunimos com o presidente da Assembléia Legislativa Rodrigo Chamoun. Em todas as vezes fomos com intenção de ouvir e apresentar propostas... dispostos a ceder e consensuar. MAS NÃO HOUVE NEM UM PASSO DADO PELO GOVERNO... NEM MESMO A REUNIÃO COM O GOVERNADOR FOI ATENDIDA. Todas as negativas do governo estão expressas no jornal A Gazeta do dia 07/06/2011. Não podemos deixar de perguntar que dialogo é esse, Gustavo Ramos Badaró? Essa é a famosa negociação CARACU, em que o governo entra com a cara e os estudantes entram com o resto?
 
O Badaró pode dizer o que quiser, não tem problemas e ninguém vai brigar por isso. Mas a verdade mesmo é essa aí.
 
Não fomos recebidos pelo governador Renato Casagrande. O governador sequer concedeu uma entrevista aos jornais sobre o que está havendo. Estava ocupado recebendo o time do São Mateus, campeão do vergonhoso, corrupto e mentiroso CAMPEONATO CAPIXABA DE FUTEBOL.
 
O segundo momento de suas críticas irresponsáveis, Badaró elege como inimigo o PSOL.
 
Não vou perder muito tempo tentando explicar que Heloísa Helena não está assim tão preocupada em manipular uma manifestações de estudantes em Vitória. Levantarei apenas algumas questões:
Quem tem mais “capital moral” se é que isso existe? Quem merece ter palavra mais considerada? O PSOL ou o Badaró? O PSOL que abre mão de sua viabilidade eleitoral voluntariamente para provar a sociedade quem nem todos, na política, se misturam com os ruins, ou o Badaró que abandonou as teses de Malatesta e Bakunin em troca do reformismo PSBista? O PSOL que não aceita esse código florestal dos madeireiros, não aceitou o Palocci, ou o Badaró do PSB, que se dizia anarquista quando estudava na UFES para atrair bobo para suas chapas de DCE? O PSOL que sempre, em todas as ocasiões, se colocou ao lado de TODAS as manifestações populares tendo ou não líderes, entidades representativas e CNPJs falando em nome de SERES HUMANOS. O PSOL que manteve sempre sua coerência de apoiar manifestações, ou o Badaró, que depois que se filiou ao PSB decidiu ser militante contra passeatas de ruas em Vitória, Egito, França, Líbia, Venezuela e etc?
 
É triste ver que uma figura interessante, que inclusive são importantes para a subjetividade política das universidades federais, joga no lixo toda a sua história por tão pouco. Hoje todas as pessoas que ainda confiavam nele na UFES estão chocadas com tal posicionamento. Posicionamento de defesa governista mesmo depois da chuva de bombas sobre a UFES.
 
E o que mais me deixou estarrecido, foi que: como um sujeito tão esperto como Badaró, que conheci de perto e admirei por muitas qualidades, entre elas, a esperteza e inteligência, confirmou tudo o que denunciávamos ao seu respeito para a UFES em apenas duas paginazinhas de um textozinho chinfrim em que a maior parte foi copiada da matéria de A Tribuna do dia 03/06/2011. Como ele foi trouxa o suficiente para provar para todo mundo que estávamos certos, escrevendo um texto que ninguém dará crédito e que não representa nada além das opiniões de uma pessoa isolada filiada ao partido do governador.
 
Badaró, cá entre nós... Você seguiria a vida muito melhor sem deixar essa mancha na sua história

segunda-feira, 13 de junho de 2011

SINDICATO DA CUT VENDE MAIS UMA GREVE!

A decisão do Sindicato dos Rodoviários do Grande ABC para terminar com a greve de ônibus na região do ABC Paulista, em São Paulo, contrariou a vontade da maioria de seus membros. 
O sindicato estima que 1.800 pessoas compareceram à assembleia realizada na manhã desta sexta-feira (3) na sede da entidade, em Santo André, e a maioria presente no evento não concordava com a volta ao trabalho.
“Não perguntaram aos funcionários para saber o que eles queriam. O sindicato decidiu e pronto. Vamos voltar a trabalhar, mas com ressalvas, e alguns vão se desfiliar do sindicato”, falou o motorista de Mauá Izaquiel Alves.
A paralisação foi suspensa por uma ordem do TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho), que impunha multa de R$ 200 mil por dia ao sindicato se os funcionários não voltassem ao trabalho.
As empresas de ônibus também ameaçaram os trabalhadores de demissão em massa por justa causa se as atividades não fossem retomadas.
“A Justiça determinou reajuste de 7,8% só no salário e no tíquete alimentação. Na nossa assembleia, o sindicato patronal, além de 8% de reajuste salarial, determinou 10% de aumento no tíquete. E a Justiça não olhou para isso.
 Vamos continuar negociando porque ficamos no prejuízo”, disse o secretário-geral adjunto do sindicato, Ademir José de Souza.
Aos poucos, os trabalhadores voltaram a suas funções e retomaram o funcionamento das 130 linhas que foram paralisadas desde quarta-feira (1º), em  Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. 
Diadema não foi afetada porque o transporte por ônibus no município é operado apenas pela prefeitura, sem a participação de empresas privadas.
Segundo a  Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), no início da tarde desta sexta-feira que 5 das 19 empresas responsáveis pelo transporte entre a cidade de São Paulo e os municípios do ABC ainda operam parcialmente. 
A EMTU informou também que dos 222 ônibus programados para operar no Corredor Metropolitano ABD até as 12h, 131 estavam circulando.
* Com informações da Agência Estado, Folha.com, do BOL e dos alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de SP
  • Luisão
  • Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL)

domingo, 12 de junho de 2011

Cai mais um prefeito no ES !!!! Agora é João Neiva!

PREFEITO DE JOÃO NEIVA É CONDENADO POR CRIME COMETIDO EM OUTRO MANDATO
SÍLVIA GONÇALVES - da redação do TJES
A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça condenou, na manhã hoje, 20/01, o prefeito de João Neiva, Luiz Carlos Peruchi, por crime desvio de verbas públicas, que teria ocorrido durante o exercício de seu mandato como prefeito do município nos anos de 1993 a 1996. Ele foi condenado a três anos de reclusão em regime semi-aberto, convertido à pena de prestação de serviço à comunidade.
De acordo com o Ministério Público Estadual, Peruchi e José Ivo Mai, que na época era secretário de finanças, forjaram nota fiscal que justificava a compra de passagem aérea e transporte de animais. Mas, de acordo com o MPES, a quantia foi apropriada indevidamente por ambos.
Tais acusações foram acatadas pelo relator do processo, desembargador Adalto Dias Tristão, que entendeu que as provas apresentadas pela defesa não foram suficientes para provar a inocência dos réus da acusação de desvio de verbas.
"Restou confirmadas pelos documentos, bem como pelo interrogatório do acusado e das demais testemunhas, que o réu teria incidido no delito tipificado no art. 312 do CP, em relação a 3º, 4º e 5º condutas, relativas aos serviços de transporte, bem como a compra da passagem aérea", destacou o desembargador em seu voto.
Diante das acusações, o desembargador Adalto Dias Tristão e os desembargadores José Luiz Barreto Vivas e Sérgio Gama acataram parcialmente a denúncia do Ministério Público e entenderam que foi configurado crime de desvio de verbas públicas, de acordo com o artigo 1º, inciso I, do Decreto Lei 201/67. No entanto, por maioria de votos, o réu José Ivo Mai foi absolvido das acusações por insuficiência de provas.
Também por maioria de votos, Luiz Carlos Peruchi foi condenado a três anos de reclusão em regime semi-aberto e 30 dias multa, pena esta que foi convertida à prestação de serviço à comunidade, além da proibição de exercício de cargo ou atividade pública, de acordo com o artigo 44, do Código Penal, que passará a valer quando o processo transitar em julgado, ou seja, quando esgotarem e forem julgados todos os recursos.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Vereador Namy Chequer defende o Movimento Estudantil

Por quer o espanto?

O Movimento Estudantil vive espantando gente. Some por uns tempos e de repente surpreende. Ele é sazonal por natureza. É feito por gerações que se sucedem rapidamente. É uma tradição que no Brasil que vem desde a primeira metade do século XX. Se bem que nossa história é pontuada por figuras estudantis em todos os seus grandes momentos. Da independência em 1822, da luta abolicionista e republicana até a revolução de 1930. Mas o ME só se institucionaliza em 1937, com a UNE, entidade universitária. Depois os secundaristas criam a Ubes. As duas estão ramificadas em milhares de entidades estaduais, municipais e escolares. Embora o ME tenha vida permanente nós nos acostumamos a vê-lo somente quando as ruas são tomadas. Daí a impressão de que ele nasce, morre e renasce.

No Espírito Santo o ME não foge à tradição. Aliás, o ME sempre serviu para lincar questões nacionais e regionais. Muitas lutas nacionais incorporaram os capixabas via ME. Assim foi, por exemplo, na época do Regime Militar. Coisas típicas de estudantes daquele tempo, como reuniões dentro e fora das escolas, manifestações, passeatas, protestos e até mesmo envolvimento em luta armada não ficaram como algo estranho aos capixabas. Enfim, quantas bandeiras de boas causas chegaram ao estado através do ME? Depois de mais de 70 anos de experiência, é possível perceber algumas características do ME. Amor à liberdade e a justiça, a coragem e a combatividade, a irreverência e a criatividade – qualidades marcantes que forjaram destacados políticos estaduais, inclusive os dois últimos governadores.    

A reivindicação do Passe Livre é nacional e não surgiu por acaso. É importante para permanência do estudante na escola. Sobretudo agora, quando a questão da Educação é transformada numa unanimidade nacional. Governos falam em priorizar a Educação, bem como a imprensa e os formadores de opinião. Empresários reclamam da falta mão-de-obra qualificada. A falação é geral. Então, apareceu o fabuloso pré-sal? O ME quer 50% dos recursos gerados para a Educação. O PIB brasileiro é o 7º do mundo? O ME quer 10% dele para a Educação. E quer o Passe Livre também, ora.   

Namy Chequer

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Videos sobre os protestos e artístas apoiando!

Vídeo com imagens da repressão

http://www.youtube.com/watch?v=AQfq_vSy2mw&feature=related


Vídeo paródia da "Banda Mais Bonita da Cidade" sobre os protestos

Século Diário com manifestantes!!!

Consequentes
e maduros


Editorial.


Nem tudo foi lamentável e digno de críticas nesse episódio dos conflitos de rua entre estudantes e policiais.
Está despontando como fato altamente positivo o amadurecimento das lideranças do movimento estudantil no que concerne, especificamente, às questões do transporte coletivo e da mobilidade urbana, dois dos principais eixos da pauta de reivindicações da campanha que eles colocaram em marcha.
Já não era sem tempo que tal fato despontasse no horizonte das lutas da cidadania por melhor qualidade de vida. Sem querer dar à novidade caráter nostálgico, é conveniente registrar, neste comentário, que o movimento estudantil brasileiro fez história – e boa história – no período de vigência da democracia pós-Estado Novo.
Perdeu força e poder político justamente como consequência  do golpe militar de 1964, pois, de cara, perdeu seu principal ponto de referência geográfico – a sede da sua entidade máxima, a União Nacional dos Estudantes (UNE), onde suas lideranças se reuniam, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.
O prédio foi incendiado por atividades de extrema direita logo aos primeiros momentos da vitória do golpe. E, não apenas simbolicamente, mas concretamente, o movimento estudantil ficou à margem da vida política nacional.
É gratificante, portanto, verificar que, junto com o avanço da democracia na vida institucional do País, o Espírito Santo venha a se transformar em palco das lutas de um movimento estudantil que tem coragem e punhos para reagir à brutalidade da repressão policial, mas também tem cabeça e sensibilidade para pensar e planejar seus movimentos.
Ao elaborar sua pauta de reivindicações para uma discussão séria e consequente com o poder público, o movimento estudantil capixaba mostrou um domínio e um conhecimento da situação que muitos técnicos se arvoram a ter e que, no entanto, não têm, de fato.
Senão, vejamos.
De início, eles ampliaram sua pauta de reivindicações, nelas acrescentando à questão do passe livre todo o transporte público, que, visto de forma mais abrangente, mostra ser coisa muito séria, digna de quem vê o problema pelo ângulo da mobilidade urbana como um todo.
Eles falam de necessidades prementes, como ciclovias e reativação do aquaviário, mas fazem uma análise madura e inteligente sobre as concessões de exploração do transporte público, defendendo, entre outros pontos, uma data fixa para a discussão dos reajustes – porque estes sempre acontecem quando eles estão em férias.
Enfim, eles têm argumentos de sobra para discutir aquilo que estão reivindicando. O que mostra que, de desorganizado, o movimento não tem nada.
Resta saber se lhes será dado o direito de expor seus pontos de vista sem serem ignorados. Ou, pior: espancados.
Enfim, parece que estamos próximos de voltarmos a testemunhar a luta estudantil não mais como coisa de baderneiro, mas de gente séria como eram os líderes estudantis brasileiros do período anterior ao golpe militar de 1964.

http://www.seculodiario.com.br/exibir_not_coluna.asp?id=4690

domingo, 5 de junho de 2011

A violência travestida faz seu trottoir 2

* "Alberto Tadeu Cardoso Guerzet, conhecido como Tadeu" - Coordenação Estadual do MTL

"(...) na maioria silenciosa, orgulhosa de não ter
vontade de gritar, nada pra dizer
a violência travestida faz seu trottoir

(...) no vídeo, idiotice intergaláctica
na mídia, na moda, nas farmácias
no quarto de dormir, na sala de jantar
a morte anda tão viva, a vida anda pra trás

(...) uma bala perdida encontra alguém perdido
encontra abrigo num corpo que passa por ali
e estraga tudo, enterra tudo, pá de cal
enterra todos na vala comum de um discurso liberal"

(A violência travestida faz seu trottoir - Engenheiros do Hawaii)



Houve um caso grave de violência na nossa cidade essa semana sobre o qual eu gostaria de comentar: A cobertura das manifestações feita pelos jornais A Tribuna e A Gazeta.

A Tribuna e A Gazeta fazem matérias criminalizando estudantes individualmente, o que, além de tudo, é um ato de irresponsabilidade. Elas colocam em risco a vida dessas pessoas. Depois de ter minha foto estampada no jornal, muitas pessoas me abordam nas ruas perguntando se sou "o estudante preso". Dá para imaginar? Enfurecem a sociedade e depois colocam o "rosto do responsável" estampado.
Felizmente, a maior parte da opinião pública (a das pessoas de bom senso), estão do nosso lado apesar de todas as mentiras.

Em um dia, os jornais A Tribuna e A Gazeta, folhetins de péssima qualidade jornalística, vale dizer, transformaram uma passeata de estudantes em "atentado terrorista contra o povo capixaba"! Esses mesmos jornais que querem demonstrar tanta preocupação com o "povo capixaba", foram os mesmos que protegeram e ajudaram a "dar fuga" e esconderijo para a Scuderie LeCocq dentro do governo Paulo Hartung e na ALES. a pouco tempo atrás. Esses mesmos jornais que se dizem tão preocupados com o "povo capixaba" são os que abafaram o caso de corrupção e a queda do Prefeito de Aracruz, Guaçui, Fundão e Pedro Canário.

Serviço de desinformação do ES - A Gazeta e A Trbuna!

Pois a passeata de rua é a forma de protestar mais comum e utilizada pela raça humana desde que as ruas foram inventadas!!!!

 As "diretas já" no Brasil, as manifestações contra a guerra do Vietnan nos EUA, as da praça celestial na China, os trabalhadores de sindicato na Rússia, as históricas passeatas da situação e da oposição a Allende no Chile, o maio de 68 na França, contra a CPE na França, contra reunião do G-8 em Gênova na Italia, Seattle - EUA, o Fora Collor no Brasil... Argentina, México,Venezuela, Alemanha, Grécia, Libia, Egito, Inglaterra, Espanha, Portugal.... Até no Afeganistão e no Iran acontecem passeatas de ruas!!! O mundo inteiro faz protesto nas ruas, e quanto mais desenvolvido o país e quanto maior o nível intelectual de sua população, maiores e mais frequentes são esses protestos nas ruas!! Mas aqui, no Espírito Santo, a imprensa marrom (os jornais comprados pela CVRD, FIBRIA e MITTAL) convencem o idiotismo capixaba de que isso é um "excesso" é uma forma "violenta" de se manifestar, de que "é errado" fazer isso...
Ainda estou esperando a hora de abrir o jornal e encontrar algo do tipo "Os líderes das manifestações são ligados ao Comando Vermelho, e os manifestantes não são estudantes, são traficantes foragidos do complexo do alemão".

No ES, no entanto, A Tribuna e A Gazeta querem se vangloriar, naquelas conversasinhas de mesa dos buffets e jantares entre os orgãos de repressão em suas celebrações anuais, por terem sido responsáveis pela criminalização da pesseata de rua na primeira cidade do mundo! Vitória-ES.

SER "REAÇA" É MODA NO ES

O estado ignora completamente qualquer desgaste político que venha a sofrer se sustentando no alicerce da mídia, que garante o emburrecimento da opinião pública formando o senso comum idiotista capixaba.

Outra coisa em que os jornais estão tendo eficácia, é em convencer parte da população de que os estudantes começaram a "baderna" e, por terem começado a jogar pedras na polícia antes que ela começasse a atirar, está justificado terem apanhado e sido presos.

Sejamos razoáveis.

Na quinta feira eramos cerca de 500 estudantes numa passeata sem nem mesmo um carro de som! De repente a polícia começa a atirar indiscriminadamente contra todos. Realmente é tão espantoso que algumas pessoas tenham reagido atirando pedras??!??! Você que está lendo esse texto realmente acha uma cena chocante e violenta ver um estudante de 18 anos atirando uma pedra num soldado brutamontes do BME de colete à prova de balas, capacete, caneleira, toca ninja e uma espingarda calibre 12 na mão??!? ou isso tudo é emoção fabricada?

Os meios de comunicação estão sendo eficazes em convencer a opinião estúpida capixaba de que "houveram excessos de ambos os lados", a polícia que atirou, acertou, machucou, feriu, prendeu 25 estudantes, prendeu um pedreiro no ponto de ônibus, prendeu um jornalista do Século Diário e um morador da vizinhança que observava a manifestação... do nosso lado, o excesso teriam sido: termos fechado a rua, bloqueado o trânsito e termos respondido jogando algumas pedras.

Nessas horas eu questiono onde está a violência mais intolerável? Fui detido e algemado pela cavalaria. Fui retirado de dentro de um ônibus na hora de ir embora sem ter feito nada além de caminhar pela rua, ok, atrapalhando o trânsito. Fui entregue ao BME pelos PMs da cavalaria. Fui atirado num camburão abafado com um estudante claustrofóbico e deixado lá, com ele sentindo crises por cerca de uma hora. Fui levado ao quartel do BME onde fui hostilizado. Disseram que me observam a muito tempo e que se lembravam de mim da ação na Barra do Riacho. E que eu "estava fudido com eles". Fui levado ao DPJ onde fiquei até 5h da manhã aguardando a má vontade dos policiais civis passar, com o próprio secretário de segurança do ES, Henrique Herkenhoff, pressionando o delegado para que não nos soltasse. Enquanto isso fiquei com mais 19 estudantes, homens e maiores de 18 anos, numa cela com mais 7 prisioneiros comuns.

Mas tenham certeza que o medo que sentíamos era muito mais dos funcionários públicos da repressão que estavam do ladod e fora da cela, do que os que estavam do lado de dentro!

Durante o tempo que fiquei na cela eu tentava imaginar como seria se houvesse uma manifestação com todos os 300 ou 400 mil habitantes que temos na cidade...

Na minha opinião, haveria uma grande dificudade de organização. Muitos grupos isolados cometeriam excessos, depredariam alguma coisa ou outra...

Mas com certeza a polícia apareceria para dar cete em todo mundo e a mídia, no outro dia, diria que houve uma baderna, desorganizada fruto de um protesto violento. E terminariam dizendo que aqueles "indivíduos" estavam atrapalhando a população de Vitória!

http://www.youtube.com/watch?v=ZV2LGwG7ZHo&feature=related



Texto do jornalista preso como manifestante na quinta feira de repressão

Com a pistola na cara: Eu, baderneiro,

confesso minha culpa, meu pecado


Henrique Alves
Foto capa: Nerter Samora

Na noite dessa quinta-feira (2) os substantivos “violência” e “brutalidade” ganharam três novos sinônimos: José Renato Casagrande, Givaldo Vieira e Henrique Herkenhoff. Senti isso na carne. Senti isso na alma. Dizem que o diálogo foi tentado: não, não foi. Nessa quinta, a democracia foi feita à base da porrada, na linguagem da pura força bruta.
Eram 17h30 quando, da minha casa, em Vila Velha, eu acompanhava os protestos. Dividia-me entre o rádio e o twitter (que fornecia links para as transmissões ao vivo, via vídeo). Naquele momento, os estudantes tomavam a Reta da Penha em direção à Terceira Ponte. Pelas fotos e vídeos, a massa estudantil parecia volumosa. Não pensei duas vezes, pois: catei minhas coisas e fui cobrir a manifestação. Pensava em colher material para uma possível reportagem de fim de semana.
Fui para o ponto do Shopping Praia da Costa, que, pelas circunstâncias, estava surpreendentemente vazio Entrei num 507 que, mal andou 10 metros, estancou. Era o primeiro indício de anormalidade. Por ordem da Polícia Militar, se não me engano, a Terceira Ponte fora interditada e ficou assim por 20 minutos. No ônibus, os passageiros discutiam se aquela era ou não uma manifestação legítima. Uma vez liberada, a ponte retomou o fluxo normal. Saltei no primeiro ponto após a ponte e, voltando pela rua do Ministério Público Estadual (MPES), senti que a atmosfera, antes vagamente tensa, tomou de vez tons sinistramente carregados. A normalmente pacata Duckla de Aguiar estava sombria: policiais e mais policiais - polícia montada, a tropa de choque formando seu paredão - estavam prontos para o combate.
Atravessei esse cenário com absoluta tranqüilidade, era um cidadão que não devia nada a ninguém. Mas, quando alcancei a metade da rua, um estrondo ensurdecedor cortou o ar. Pessoas corriam, uma densa fumaça branca se espalhava. Percebi então o que acontecia: policiais dispersavam os estudantes, daquele jeito que a gente conhece, para fora da Duckla de Aguiar, em direção à César Helal. Enfiei-me então pela Ulisses Sarmento, para, já no outro lado, na avenida (em frente à antiga Giacomim), acompanhar tudo mais de perto. Corri feito um louco e alcancei a avenida: o sentido Centro-Reta da Penha estava parado, tomado por carros e ônibus. O sentido oposto estava vazio: havia uma lacuna entre os muitos manifestantes que ali se aglomeravam e os policiais que se concentravam na intercessão entre a César Hilal e a Desembargador Santos Neves.
A fim de ter um bom panorama das movimentações, me afastei dos manifestantes e fui para um ponto de ônibus, aquele primeiro após a curva em que as duas avenidas se encontram. Havia ali um grupo de mais ou menos 20 manifestantes, em frente à entrada de um edifício. Talvez tal tenha sido meu erro. Lá atrás estava o Choque, lá na frente, os manifestantes e nós no meio de tudo. Precisamente neste ponto a brutalidade, antes apenas uma ameaça iminente, se revelou com uma repugnante intensidade.
A Polícia Militar, o Choque, a Companhia de Rondas Ostensivas Tático Motorizadas (Rotam) e, sobretudo, o Batalhão de Missões Especiais (BME) se valeram de uma pedagogia que só eles, apenas eles e tão-somente eles, entendem: a pedagogia da bala de borracha, do spray de pimenta e das - impecável eufemismo - bombas de efeito moral. Esta é a pedagogia que a força de segurança capixaba ministra quando vai lidar com estudantes. Mas, estes, coitados, ainda hoje tentam entendê-la. Nessa quinta-feira, a aula foi ministrada nos corpos e almas.
De repente, não mais que de repente, da antiga Giacomim saíram os policiais da Tropa de Choque. Assomaram já lançando as tais bombas e atirando balas de borracha. Covardia é pouco. Era um estouro atrás do outro. Num pequeno grupo de carros parados em frente àquele ponto, uma mulher deixou seu veículo; transtornada, num choro desesperado, gritava para os policiais: “Para com isso!! Para!!”. Em vão. Cada vez mais atroz, a investida continuou.
Enquanto isso, a força disposta no encontro das avenidas se aproximava cada vez mais. E a arbitrariedade policial decidiu que aquele cidadão que não devia nada a ninguém tinha, sim, uma dívida. Os policiais estavam já muito perto, mas não me movi. Achava que, como tudo na vida, truculência tem limite. Não, não tem – especialmente quando as forças de segurança capixabas estão em ação. Achava também que, em última instância, bastaria eu me identificar como jornalista.
Não tive tempo para nada. Uma policial - branca, loira, olhos claros - foi chegando com uma pistola em punho, apontada para meu rosto: “Deita no chão! Deita! Deita no chão!”, ordenava, aos gritos. Obedeci. Junto com ela, um batalhão chegou e, torcendo braços, com chutes e pontapés, imobilizou boa parte dos que ali estavam. De barriga pro chão, não pude contar quantos estavam na mesma situação. “Bando de baderneiro filha da puta! Tão pensando que isso daqui é o quê?!”, vociferou um policial. Escopetas eram apontadas para o rosto de estudantes. Policiais invadiram o prédio residencial e de lá trouxeram mais gente.
Quando me joguei no chão, fiquei com medo - afinal, quem não ficaria com um batalhão armado até os dentes diante de si? Mas o sentimento não foi provocado apenas pela visão dos policiais e seus brinquedos. A forma como eles nos “abordaram” (muitas aspas; muitas mesmo) dizia sem hesitações que não estavam ali para brincadeira. Muito menos para o diálogo. Não perguntaram que eu era e muito menos o que fazia ali. Só muito mais tarde, esse procedimento, natural em legítimas democracias, seria observado.
Os esparramados no chão foram algemados. A ação foi tão desproporcional que, entre os manifestantes, um mero trabalhador foi preso. Ele trabalha pela Odebrecht na obras da Petrobrás na Reta da Penha. Estava no ponto de ônibus por acaso, esperando o ônibus. Ia para casa, em Vila Velha. Mas o destino aprontou das suas: o trabalhador foi mais um detido. Eu e mais um menino de 16 anos fomos levados para uma daquelas Blazers azuis da Rotam. Policiais revistaram nossa mochilas. Trancaram-nos no camburão e os policiais entraram no carro (cinco ao todo). Antes de acomodar-se na viatura, uma policial saiu-se com esta: “Agora eu atirei com força!”. Parabéns pra ela, não?
Ficamos rodando um tempo pelas ruas de Vitória. Não consegui identificar por onde passamos. Dentro do veículo, um policial disse: “Que estudante o que! É tudo um bando de filha da puta!”. Mas paramos, sabe-se lá por quê, em determinada rua. E veio um policial. Apresentava um serenidade tocante. Abriu o camburão e com um sorrisinho no rosto, disse, inmidador: “Rapaz, vocês vão apanhar pra caramba. Vão cagar mais que neném. Vão apanhar muito mesmo”.
Eu sabia que aquilo era uma tortura psicológica das mais rasteiras, ingênuas e pueris. Assim como as agressões verbais: adoravam nos chamar de “filho da puta”. Ríspida, uma policial perguntou para o mais novo: “Onde você mora? E onde estuda”. O menino respondeu. E virou-se pra mim: “E você?”. “Eu já sou formado. Trabalho como jornalista”. “Trabalha tacando pedra?”. “Não taquei pedra em ninguém, você pode ter certeza disso”. Ela, então, fechou o camburão e nos deixou em paz.
Como percebram que meu companheiro era bem mais novo que eu, os policiais encarnaram nele, dizendo que iria apanhar e tudo o mais. Mas, falando baixinho, para não dar bandeira, tranqüilizei-o, disse que não iria acontecer nada daquilo, nem com ele, nem comigo, nem com ninguém. Eram apenas (covardes) bravatas. Aí veio o momento de humor: dois policiais me questionaram das minhas ocupações. Respondi que era jornalista. E eles riram, como quem diz: “Ah, ta. E eu sou o Casagrande!”. Fazer o quê, né?
Chegamos à rua do DPJ de Vitória. Os carros, estacionados em fileira, estavam sobre o canteiro central da rua. Ficamos mais um tempo parados, dentro do “cofre” (na gíria policial) fechado e abafado. E, como não?, claro que teve mais torturazinha psicológica: “Vocês [estudantes] não vivem dizendo que policial é covarde? É isso aí. A gente é covarde mesmo”. Logo em seguida, uma policial pegou nossos dados - nome, idade, profissão, endereço, filiação.
E finalmente fomos levados ao DPJ. Aos poucos, outros manifestantes detidos também foram chegando, todos se acomodando nas cadeiras do saguão. Enquanto isso, duas advogadas do Sindicato dos Advogados do Espírito Santo recolhiam o nome e a ocupação de cada detido. Ali, na frente de mais gente e de advogados, os policiais nunca pareceram tão cordiais.
O tempo todo - exceto a passagem da pistola apontada para mim - estive muito tranquilo. Mesmo. Em relação aos outros detidos, a sensação era também de certa calma, apenas por vezes perturbada por uma pequena tensão. Mas estava tudo bem. Fomos todos, então, levados à cela do DPJ. Importante: ainda estávamos todos algemados. Conduziram-nos, antes, a um banheiro, localizado atrás da cela. Lá nos algemaram em duplas.
E, agora sim, estávamos todos na cela. Quente e abafada: eram 20 homens dentro de uma cela medindo entre 30 e 40 metros quadrados. Uma faixa vermelha dividia o recinto: do lado de lá, sete homens já o “habitavam” (alguns estavam ali há mais de três dias). Segundo os policiais civis, eram traficantes perigosos. Do lado de cá, se acomodaram os manifestantes.
O amor, o sorriso e a flor
Marrentos, os policiais civis “pediam”, com tocante delicadeza, que nos sentássemos. Não podíamos ficar em pé. A marra só cedeu quando chegaram os representantes de entidades estaduais de direitos humanos – entre eles, o advogado André Moreira e o defensor público e vice-presidente do Conselho estadual de Direitos Humanos (CEDH), Bruno Nascimento.
Daí pra frente,correu tudo bem. Com os representantes ali, as algemas foram retiradas. E, como os pais e parentes acorreram ao DPJ, a comida chegou: biscoitos, salgados, pão, mortadela, presunto, queijo, refrigerante e água. Era tanta comida que, a certa altura, foi proposta uma greve de fome. Proposta rejeitada, claro. Vale lembrar: os provimentos foram divididos com os primeiros detidos.
Eram oito da noite quando eu e meu companheiro entramos no “cofre”. Chegamos ao DPJ às nove. Eu fui liberado às duas da manhã. Ou seja, foram seis horas de detenção. O processo poderia ter sido mais arrastado. Mas uma comitiva do MPES chegou ao local e acelerou os trâmites. Queriam nos enquadrar em pelo menos dois artigos: corrupção de menores (havia três, com 16 e 17 anos) e depredação do patrimônio público. A atuação de representantes de entidades e dos promotores conseguiu derrubar as duas. No final, assinamos um Termo Circunstanciado. Um a um, após confirmar dados com um escrivão, deixamos a simpática cela daquele DPJ.
Mais ou menos às três e meia da manhã, eu estava do lado de fora do DPJ. Batia um papo com os outros detidos. Então, a porta se abre e de lá sai, corpulento, o secretário de Estado de Segurança Pública, Henrique Herkenhoff. Não faço a menor ideia de que horas ele chegou. O secretário foi espairecer, fumar um cigarrinho. A noite foi longa para ele. Ninguém sabe o que o secretário foi fazer lá - defender os estudantes é que não era - mas Herkenhoff ficava de lá pra cá e de cá pra lá no DPJ.
Tal é o saldo destas minhas memórias do cárcere: 26 novos amigos, seis horas de detenção e nove horas de convivência com policiais – militares e civis. O sol já despontava naquele morro ali (que não sei qual é, atrás do Atacado São Paulo). Eram cinco e meia da manhã quando o último detento foi liberado. Foi a mesma hora em que peguei minha mochila e fui-me embora. Esse 2 de junho não vai deixar saudades. Talvez para o governador, seu vice e o secretário de Segurança.