quinta-feira, 9 de junho de 2011

Século Diário com manifestantes!!!

Consequentes
e maduros


Editorial.


Nem tudo foi lamentável e digno de críticas nesse episódio dos conflitos de rua entre estudantes e policiais.
Está despontando como fato altamente positivo o amadurecimento das lideranças do movimento estudantil no que concerne, especificamente, às questões do transporte coletivo e da mobilidade urbana, dois dos principais eixos da pauta de reivindicações da campanha que eles colocaram em marcha.
Já não era sem tempo que tal fato despontasse no horizonte das lutas da cidadania por melhor qualidade de vida. Sem querer dar à novidade caráter nostálgico, é conveniente registrar, neste comentário, que o movimento estudantil brasileiro fez história – e boa história – no período de vigência da democracia pós-Estado Novo.
Perdeu força e poder político justamente como consequência  do golpe militar de 1964, pois, de cara, perdeu seu principal ponto de referência geográfico – a sede da sua entidade máxima, a União Nacional dos Estudantes (UNE), onde suas lideranças se reuniam, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.
O prédio foi incendiado por atividades de extrema direita logo aos primeiros momentos da vitória do golpe. E, não apenas simbolicamente, mas concretamente, o movimento estudantil ficou à margem da vida política nacional.
É gratificante, portanto, verificar que, junto com o avanço da democracia na vida institucional do País, o Espírito Santo venha a se transformar em palco das lutas de um movimento estudantil que tem coragem e punhos para reagir à brutalidade da repressão policial, mas também tem cabeça e sensibilidade para pensar e planejar seus movimentos.
Ao elaborar sua pauta de reivindicações para uma discussão séria e consequente com o poder público, o movimento estudantil capixaba mostrou um domínio e um conhecimento da situação que muitos técnicos se arvoram a ter e que, no entanto, não têm, de fato.
Senão, vejamos.
De início, eles ampliaram sua pauta de reivindicações, nelas acrescentando à questão do passe livre todo o transporte público, que, visto de forma mais abrangente, mostra ser coisa muito séria, digna de quem vê o problema pelo ângulo da mobilidade urbana como um todo.
Eles falam de necessidades prementes, como ciclovias e reativação do aquaviário, mas fazem uma análise madura e inteligente sobre as concessões de exploração do transporte público, defendendo, entre outros pontos, uma data fixa para a discussão dos reajustes – porque estes sempre acontecem quando eles estão em férias.
Enfim, eles têm argumentos de sobra para discutir aquilo que estão reivindicando. O que mostra que, de desorganizado, o movimento não tem nada.
Resta saber se lhes será dado o direito de expor seus pontos de vista sem serem ignorados. Ou, pior: espancados.
Enfim, parece que estamos próximos de voltarmos a testemunhar a luta estudantil não mais como coisa de baderneiro, mas de gente séria como eram os líderes estudantis brasileiros do período anterior ao golpe militar de 1964.

http://www.seculodiario.com.br/exibir_not_coluna.asp?id=4690

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