quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Estudantes da EMESCAM na luta com o MTL !


MANIFESTO DOS ESTUDANTES DE SEVIÇO SOCIAL E OUTROS CURSOS – EMESCAM 10/08/2011
Será o inicio do fim??
O que era para ser a nossa missão tornou-se apenas uma frase sem sentido: MISSÃO/EMESCAM - Promover o conhecimento em saúde com inovação, formando profissionais que contribuam para a construção de uma sociedade justa e solidária.
Não precisamos recorrer diretamente às literaturas existentes para falarmos sobre a educação brasileira nos dias atuais. Se fecharmos mais na análise será possível verificar então a realidade capixaba e por fim a nossa lastimável realidade: A EMESCAM. Esta escola que em seus primórdios era apenas uma escola de medicina passou a ser com o tempo Escola de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória e por último parece querer retroceder no tempo, voltando a ser apenas aquela escola de medicina, reconhecida por fama de qualidade, com uma educação boa, porém extremamente cara. Porque isso tudo? Pelo simples fato de que a EMESCAM é apenas mais um reflexo de uma situação imposta pelo capital, a mercantilização da educação como parte de uma política de lucros exorbitantes e de irrestrita indiferença com o próximo.
Sua Mantenedora, a Irmandade da Santa Casa trabalha em uma perspectiva de lucratividade, garantindo, como veremos a seguir, que a Emescam se torne um livre mercado de cursos com renome e agora de péssima qualidade.
No semestre que se inicia (2011/2) nos deparamos com uma mostra do que o capital é capaz de fazer com seus súditos. Aqueles trabalhadores que não possuem condições de pagar uma educação de qualidade e precisam depender de bolsas filantrópicas para, quem sabe um dia, portar o tão sonhado pergaminho – o Diploma de Graduação. O que aconteceu em 2011/2? Simplesmente a EMESCAM não deu continuidade às turmas que iniciariam seus estudos no 2º semestre de 2011!
Ficamos todos (alunos e também corpo docente) perplexos com a situação instaurada. A pergunta é: Como pode uma escola tão bem conceituada, tão forte, simplesmente não formar novas turmas para o curso de Serviço Social, Farmácia, Fisioterapia, Enfermagem? Como uma faculdade tão bem administrada, não conseguir formar novas turmas para seus cursos? Com toda sua tradição, todo o seu reconhecimento em potencial e seus status de melhor escola na área da saúde, de uma hora para outra tomar uma decisão de não dar continuidade às turmas. Será o discurso do menor custo benefício?
Será que estamos todos fazendo uma pergunta sem enxergarmos a resposta que esta bem na nossa frente? E a verdade é: Simplesmente não é mais interessante para a EMESCAM/IRMANDADE ministrar estes cursos!
O que vemos então é que os valores da Emescam se perderam no tempo, não se percebe mais a Ética e seriedade em todas relações; Satisfação dos alunos, professores e funcionários; Desenvolvimento com Sustentabilidade econômica e financeira; Compromisso social. Portanto, identificamos que estes poucos valores aqui citados deixaram de ser a marca da instituição, quando identificamos um número gritante de professores tendo seus contratos encerrados. Segundo informações precisas, fornecidas pelo vice-diretor desta mesma escola em reunião com alunos do curso de Serviço Social, a quantidade de professores demitidos foi de exatamente 37 ao longo dos 12 meses que antecedem a esta manifestação, 06 com pedido de demissão. Os números também são grandes se tratando de demissões de funcionários, são 12 ao total. Em sua fala, o vice-diretor afirmou que o trabalho que era feito por estes inúmeros professores e funcionários, agora está sendo efetuado pelos que ficaram na casa, o que significa um enxugamento do quadro de docentes e um acumulo de trabalho aos que ainda possuem vínculos empregatícios.
Em contrapartida, no primeiro semestre de 2011 muitos acadêmicos de Serviço Social vivenciaram a angustia do corte de bolsas filantrópicas. Esses estudantes foram tratados de forma desrespeitosa, sem a menor consideração à suas difíceis realidades. Mais uma vez, o que prevaleceu foi à idéia de lucratividade. Na época, o que se compreendeu da situação foi: Ou você paga ou sai da escola. Como assim? No final a escola teve que trabalhar para reverter à situação e garantir que uma bomba não explodisse com a sua ilustre fama de boa moça... Teve que rever a situação das bolsas e garantir o ensino de muitos alunos com seus descontos garantidos. Mas, e a repercussão que isto causou nos acadêmicos? E o constrangimento causado e vivenciado por nossos colegas? Quer dizer que a pessoa inicia uma graduação em uma faculdade e simplesmente seu sonho é retirado sem causa plausível, sem um fundamento. Aliás, têm um fundamento e um culpado: O Capital!
É preciso ter um olhar crítico, ver além da aparência. Enxergar a essência deste movimento contraditório que é a guerra pelo lucro. O movimento de corte de bolsas não aconteceu de um dia para o outro, já está acontecendo de uns dois anos para cá e só vem enfatizar o pensamento perverso da acumulação de capital.
Nossa luta cotidiana agora esta pautada na necessidade de fortificar o Curso de Serviço Social da Emescam, bem como de Farmácia, Fisioterapia e Enfermagem, fazendo com que esta escola continue sendo um orgulho na Área da Saúde. Afinal, a saúde não é apenas a parte biológica do ser humano, também possui implicâncias no social e no psicológico dos envolvidos.
Para afirmar esta luta pautada na responsabilidade social, citamos a realização da III Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres de Vitória/Es ocorrida nos dias 05 e 06 de agosto nas dependências da Emescam, Conferencia esta que mobilizou inúmeras pessoas, da sociedade civil, dos órgãos gestores de políticas públicas, acadêmicos de diversos cursos e debatedores. Formou-se então um enorme aparato para a efetivação deste evento, culminando assim em uma maior visibilidade da Instituição na mídia. Será então que o Serviço Social pode sim contribuir para a força e nome desta escola?
O Sr. Broeto, em sua fala diz que existe uma estimativa de equilíbrio financeiro na relação EMESCAM/IRMANDADE para março de 2012, disse também, que a mesma exigiu um relatório com todos os gastos que os cursos da faculdade proporcionam, um cálculo difícil de ser feito, já que não se pode comparar os gastos existentes no Curso de Serviço Social com os gastos do Curso de Medicina por exemplo. O curso de Medicina utiliza vários espaços físicos da instituição e também possui uma maior lucratividade, porém o de Serviço Social, por mais baixa que seja a sua arrecadação, utiliza poucos espaços e não possui sequer laboratórios para a realização de suas aulas. (Seria então, difícil fazer este cálculo, que de qualquer forma terá que ser entregue até o dia 20 de setembro de 2011 à Irmandade)
Trabalhamos então com a hipótese de que todos os Projetos de Extensão ligados à comunidade serão simplesmente esvaziados nesta lógica de finalização do curso. Projeto estes, que estão diretamente ligados à sociedade, à comunidade. Será que o interesse social deixou de ser um valor, passando a ser um incomodo, um gasto a mais ou somente um desperdício?
Não vamos aceitar esta situação. Vamos todos lutar para que os cursos continuem a ser ministrados por esta Academia. Vamos lutar para que o capital não nos vença. Trabalhar para que a Escola de Ciências da Santa Casa de Misericórdia continue sendo o nosso espaço de estudo e construção de uma nova ordem societária. Pautada sempre no respeito com o próximo, com uma orientação diferenciada, negando o ensino de má qualidade, o ensino a distancia, o ensino simples e puramente vendido.
Voltamos a frisar o valor que consideramos mais digno da Emescam: Satisfação dos alunos, professores e funcionários. No entanto, não estamos satisfeitos com o ocorrido. Exigimos urgentemente a análise de toda situação que se criou na atmosférica acadêmica. Solicitamos uma resposta desta Irmandade, suas conclusões acerca do que será feito daqui por diante. Exigimos a garantia da abertura de turmas no semestre 2012/1 para os cursos de Serviço Social, Enfermagem e Farmácia, bem como a manutenção de toda a grade curricular e os professores garantidos em sala de aula ministrando suas matérias, não de forma corrida e sim com a qualidade de ensino que sempre existiu.
Não vamos permitir o fechamento do Curso de Serviço Social, tão pouco os outros cursos existentes nesta faculdade. Negamos o corte de bolsas de ensino, não permitiremos a diminuição do número de alunos. O Capital não pode se tornar ganhador desta disputa. Assim funciona nossa vida, assim diz o nosso Código de Ética:
“Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida;” (DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS, Código de Ética dos Assistentes Sociais, 1993).

Referências:
Código de Ética dos Assistentes Sociais, 1993
http://www.emescam.br/site/

Nenhum comentário:

Postar um comentário