sábado, 2 de abril de 2011

Barra de Antas e as Ligas Camponesas! A luta sem-terra é a nossa Luta!

Barra de Antas: o coração das Ligas Camponesas

O município de Sapé da Paraíba foi palco da “mais poderosa Liga Camponesa do Brasil” (AUED). No início da década de 60 já contava quinze mil associados. A Federação das Ligas fundada em 1961 reuniu mais de quarenta mil camponeses associados e sua fama extrapolou as fronteiras do país chegando a Cuba, União Soviética, China, E. Unidos. João Pedro Teixeira, assassinado no dia dois de abril de 1962 foi o maior líder das Ligas Camponesas e Elizabeth Teixeira, sua companheira, com seus 86 anos, segue viva e lúcida entre nós. Se João Pedro foi “cabra marcado pra morrer”, segundo o cineastra Eduardo Coutinho, Elizabeth é “mulher marcada pra viver” no dizer do sociólogo Genaro Ieno.
Apesar do golpe militar, das prisões, torturas, assassinatos, desaparecimentos, exílios, as Ligas permaneceram como “fogo de monturo” (palavras do próprio João Pedro). Com o apoio de uma igreja libertadora liderada por Dom Helder e Dom José Maria Pires, da Cut Rural, FETAG, Sindicatos Rurais combativos, da CPT e do MST, as Ligas camponesas ressurgiram e se territorizaram do litoral ao sertão. Hoje a pequena Paraíba conta com mais de 300 assentamentos e cento e vinte mil famílias assentadas. E vinte e cinco camponeses assassinados, desde a retomada da luta, no final da década de 70. Entre eles, a líder sindical Margarida Maria Alves.

Mas tudo começou em Barra de Antas, também conhecida como Barra do Sono, uma comunidade pequena, pobre, da zona rural de Sapé. Lá morava João Pedro e Elizabeth. Lá o casal criou seus onze filhos até a dispersão provocada pelo golpe militar. De lá saia, incansável e destemido, o maior líder camponês que a Paraíba conheceu. A luta pela desapropriação da Fazenda Antas vem de muito longe. Em 2006, a área foi desapropriada pelo presidente Lula. Mas em janeiro de 2007, um mandato de segurança suspendeu o decreto. Agora, o caso está sendo discutido no Supremo Tribunal Federal. No último dia 02 de março, o relator do processo, o Ministro Joaquim Barbosa se pronunciou favorável à manutenção do decreto presidencial que garante a desapropriação das terras. Entretanto, os ministros Gilmar Mendes, Ellen Gracie e Marco Aurélio votaram pela anulação do decreto de desapropriação. Já o ministro Dias Tóffoli pediu vistas.

Que paradoxo!  Mais de sessenta anos de conflito e Barra de Antas ainda não foi desapropriada. Para nós, Barra de Antas é o coração das Ligas Camponesas. Desapropriar Barra de Antas é fazer justiça a todos os camponeses que tombaram na luta contra o latifúndio.
Segue o documento emitido pela CPT. Vamos divulgar e pressionar o Supremo Tribunal Federal a votar pela desapropriação da Fazenda Antas.
Abraços
Toninho da Paraíba

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