quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O Teatro do Opressor

Mais golpe de Casagrande contra o movimento estudantil

No diário oficial de hoje (01/12/2011) foi instituido pelo governador o FEE - Fórum Estadual Permanente de Educação. No geral, a criação desse tipo de fórum gera mais um espaço que não caminha, só conversa. Isso descreve bem esse governo, como ele próprio gosta de se auto-declarar, o governo do "diálogo" que "busca a conversa com o movimento social". O problema é justamente que esse governo só conversa, e não aceita nada. O MTL se cansou dessas conversas...

A dinâmica do governo tem sido de, na pressão,  designar algum ASPONE* para fazer inúmeras reuniões com o movimento social afim de cansá-lo, seja o movimento estudantil autêntico, seja o movimento camponês, o movimento de moradia, o movimento negro, de mulheres e etc. Nunca, ou muito pouco, avançando. Se o problema fosse apenas o "balangamento de beiço"** do governo Casagrande, ainda valia. Mas o governador insiste com a política de manter no seu colo uma corja de ASPONES profisionais oriundos do movimento social burocratizados, que não possuem mais base ativa, só uma quantia infértil de comandados, não possuem qualquer pertinência política no estado do ES.

Quando este tipo de espaço é criado, ou até mesmo quando se tratam de espaços de negociação mais conjunturais, como vimos durante as manifestações de Junho, o governador convida apenas seus amigos para sentarem e fazer um teatro do diálogo, o teatro do opressor! Estavamos nós, as entidades que de fato constróem ações com suas bases representadas, levando multidões às ruas contra o aumento da passagem, e o governo chama uma fanfarra de estudantes profissionais que vivem trocando de estado e escolas para se manterem ocupando algum cargo em alguma entidade estudantil para barganhar cargos dentro de governos. No momento, o evento mais patético foi o grêmio do IFES ter vendido as manifestações de 2011 para o governo em troca de trânsito dentro do palácio anchieta para alguns de seus dirigentes de rapina.

Não vejo nada, o que eu vejo não me agrada...

O FEE de fato é:

I. Secretaria de Estado da Educação:
a) Klinger Marcos Barbosa Alves - Presidente
b) Aparecida Agostini Rosa Oliveira – Coordenadora
c) Cássia Olinda Nunes – Suplente
d) Sandra Renata Muniz Monteiro – Suplente
II. Conselho Estadual de Educação:
a) Marluz a de Moura Balarini – Titular
b) Rita de Cássia Altoé – Suplente
III. União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação –
UNDIME
a) Balbino Vargas Guisso – Titular
b) Roseane de Souza Ribeiro – Suplente
IV.Ministério Público do Estado do Espírito Santo
a) Maria Cristina Rocha Pimentel – Titular
b) Camila Ferreira Moreira –Suplente
V. Assembleia Legislativa do Espírito Santo
a) Josias Mário da Vitória – Titular
b) Márcia B. Gomes – Suplente
VI.Associação dos Docentes da UFES – ADUFES
a) José Antonio da Rocha Pinto – Titular
b) Odileia Dessaune de Almeida – Suplente
VII. Associação de Pais e Mestres do Espírito Santo – ASSOPAES
a) Marcos dos Santos – Titular
b) Jair Leite Xavier – Suplente
VIII. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Educação – ANPED
a) Eliza Bartolozzi Ferreira – Titular
IX.Associação Nacional de Pesquisa e Administração da Educação
– ANPAE/ANFOPE
a) Fábio Alves Amorim – Suplente
X. Campanha Nacional pelo Direito à Educação – CNDE
a) Elizângela Ribeiro Fraga – Titular
b) Elda Alvarenga – Suplente
XI.Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica – CONIF
a) Cristiane Tenam – Titular
b) Araceli Verônica Flores Nardy Ribeiro – Suplente
XII. Diretório Central dos Estudantes – DCE
a) Sara Cavalcanti
XIII. Sindicato das Escolas Particulares – SINEPE
a) Ana Rita Gomes – Titular
b) Padre João Batista – Suplente
XIV. Sindicato dos Professores do Espírito Santo – SINPRO
a) Márcia Almeida Machado – Titular
b) Juliano Pavesi Peixoto – Suplente
XV. Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do
Espírito Santo – SINTUFES
a) Ana Maria Silva Hofmam – Titular
b) Dinamara Soares da Costa Santos – Suplente
XVI. Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação
Básica, Profissional e Tecnológica – SINASEFE
a) Maria Ângela Dutra Machado – Titular
b) Antonio Henrique Pinto – Suplente
XVII. Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito
Santo – SINDIUPES
a) Noemia Simonassi – Titular
b) Ildebrando José Paranhos – Suplente
XVIII. Federação das Indústrias do Espírito Santo – FINDES
a) Manoel de Souza Pimenta Neto – Titular
b) Sergio Andrade Bertollo – Suplente
XIX. União Nacional de Conselhos Municipais de Educação –
UNCME
a) Teresa Margarida Pirchiner – Titular
b) Márcia Saraiva Prudêncio – Suplente
XX. União Brasileira de Estudantes Secundaristas – UBES
a) Marcos Paulo Silva de Jesus – Titular
b) Claudiomiro Melgaço– Suplente
XXI. Associação Nacional de Educação Católica do Brasil –
ANEC (Regional ES)
a) Weliton Adriano Fiorese – Titular
b) Rita Cola – Suplente
XXII. Centro de Estudos Afrobrasileiros – CEAFRO
a) Patrícia Gomes Rufino Andrade – Titular
b) Renata Aparecida Borges Peres - Suplente
XXIII. Comitê Estadual de Educação do Campo
a) Josimara Pezzin – Titular
b) Joel Duarte Benísio – Suplente


Governo tem 4 vagas oficiais (SEDU, MP e ALES) e mais uma não oficial, a do "DCE" sabe-se lá de qual universidade, já a indicação, por outro lado, é uma nova, porém já surrada, conhecida nossa. O fato de o governo indicar "UM" DCE como sendo "O" DCE, não é atoa. O DCE da UFES nos ultimos anos conquistou referência e reconhecimento na sociedade, de forma que o DCE da UFES é "O DCE" do estado. O governador sabe disso, por isso não colocará jamais por extenso uma representação de um "DCE da UVV", ou "DCE da Pio XII", ou "DCE da SERRA VIX" como representação discente num conselho estadual de educação. Ao mesmo tempo indicando UM DCE como "O" DCE e esse DCE não sendo o da UFES, ele, automaticamente, totalitariamente, unilateralmente e autoritáriamente, desautoriza o DCE-UFES.

O movimento sindical possui 6 indicações, entre elas alguns sindicatos tradicionais representativos, legítimos, outros nem tanto. O SINDIUPES (Sindicato de profissionais da educação pública) e o SINPRO (Sindicato dos professores da educação privada) dividem representação nesse fórum mandrake com um outro tal de SINEPE.

O SINEPE é uma espécie de sindicato patronal, sindicato de empresário, do patrão para buscar ampliar seus privilégios. Dentre as "missões organizacionais" que encontramos no site do tal do SINEPE, está "Promover o desenvolvimento sustentável do setor de ensino particular, por meio de ações e representação junto à sociedade."  Ou seja, buscar a representação na sociedade, entre eles, em conselhos e fóruns, para  desenvolver o setor privado da educação.        

Existem ainda algumas entidades fake. Essa jogada é tão babada, tão batida, e tão conhecida, que deve até ter um nome batizado entre as figuras políticas que a promovem, como jogadas de xadrez. Simples... Você é um gerente do estado, quer se dizer democrático, portanto, cria um conselho para dizer que dialoga com a sociedade. Mas como fazer para não correr riscos de ter sua hegemonia e o poder de sua voz perdida dentro de um conselho amplo? Convida apenas (ou em sua maioria) pessoas que fecham com você e seu partido. Nada contra ter posicionamento em defesa de um governo, mas isso tem que ser construido e conquistado na sociedade através do convencimento e da disputa democrática e honesta.

A UBES é uma entidade apoiadora de governos, entretanto reconhecemos a legitimidade e a história da UBES e, portanto, concordamos que ela jamais poderia ficar de fora de um fórum que discute educação.
Por outro lado, a ASSOPAES (Associação de pais e mestres do ES), possuir uma representação no conselho enquanto a UESES ou o DCE da UFES não possuem, é um crime digno desse governo. Para se ter uma idéia do nível de importância da ASSOPAES para a educação capixaba, ao digitarmos a sigla da entidade no google, encontramos a "Associação dos patologistas do ES".

Um conselho desse formato deveria contar com as organizações que participam não apenas do "debate" sobre educação, mas da luta pela educação, com critério de classe.

Se o estado deve estar representado, a sociedade civil deve ser soberana, e a sociedade civil deve se manifestar proporcionalmente ao seu tamanho e sua composição, o que são os servidores públicos nesse fórum? Os servidores públicos também contribuem para a viabilização da educação pública no ES com seus serviços; e os estudantes de origem popular?  o DCE da UFES, a UESES, o Grêmio da Escola Técnica, ou IFES; os trabalhadores desempregados e informais, excluídos também do processo educacional. Essa sociedade civil representada no conselho, definitivamente, não descreve o país em que vivemos!

Mais uma na sua conta, Casagrande...




* ASPONE - Auxiliar de Porra Nenhuma
** Balangamento de beiço - O ato de falar demoradamente e redundantemente sobre o motivo que leva algum governador a não aceitar sua reivindicação, se reunindo muitas vezes se for preciso para, dessa forma, parecer democrático ao dizer o mesmo não que o general Geisel já havia falado.


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