* Tadeu Guerzet e Gustavo de Biase - ambos da Coordenação Estadual do MTL
Ontem, a lei, com toda sua despudorosa força policial, esteve presente na ocupação "Nova esperança".
Não chegou a haver confronto, apenas reconhecimento da área para uma possível baixaria policial arreganhada e aplaudida pelas elites capixabas e seu folhetim oficial de fofocas, o jornal A Gazeta.
Um dia após a manifestação na câmara, onde os soldados rasos do consórcio político imoral do palácio Anchieta, os vereadores lambe-botas do ultra corrompido municipio de Aracruz, terem prometido serem favoráveis à "Nova Esperança", o BME esteve lá esbanjando de sua força coercitiva.
Sabemos que pode haver um confronto a qualquer momento, mas não sairemos da frente das máquinas.
O BME, que a muito tempo, assim como toda a polícia, só encontra justificativas para continuar existindo numa "guerra" travada contra o trafico de mercadorias entorpecentes, na verdade, contra um comércio de, basicamente, duas substancias entorpecentes (dentre as várias), a cocaína e o crack. Essa guerra contra este comércio não pode acabar e as drogas não podem jamais ser legalizadas por dois principais motivos. a) Uma é que não pode parar de movimentar uma quantidade de dinheiro não taxado, não tributado e sob relações de trabalho não-contratuais, sem encargos trabalhistas e não formalizadas. b) Para continuar dando sentido à existencia da polícia, que só possui este inimigo hoje no Brasil, além de outros pequenos casos excepcionais gerais em que, na maioria das vezes, as resoluções não são encontradas. sem contar também casos hollywoodianos envolvendo prostitutas e goleiros de futebol.
Mas o que nos interessa discutir é a perspectiva da totalidade, e não das miudezas.
Essa justificativa de existencia da força polícial convive nesta paradoxal "guerra contra o terror", que no caso brasileiro não é Osama Bin Laden, mas sim jovens negros e pobres que foram exlcuidos do processo de consumo porque o país não garante emprego de qualidade, ou porque o preconceito desrespeita o negro, que encontra respeito mais fácil empunhando um fuzil. Estes jovens tentam entrar novamente nesse processo de consumo prometido pelo capitalismo, mas dessa vez não tentam estudando duros anos e correndo o risco de mesmo assim não conseguirem (o que é muito mais provavel) e nem tentando trabalhar de pedreiro o dia inteiro sob sol forte ou chuva, pegar ônibus lotado fedendo de suor, com todo mundo olhando para você, chegar tarde e ter pouca coisa para fazer. Não. Estes jovens recorrem a formas mais rápidas de melhoria de vida, afinal, vivemos na era da velocidade também! Estes jovens buscam a vitória através do comércio. Basicamente, da venda de dois ou três produtos entorpecentes proibidos pela lei.
Garantida essa justificativa, entra em ação o real motivo da existência da força policial.
E qual o real motivo de existencia da força policial?
Não é combater o trafico de drogas. As drogas são circunstanciais.
O verdadeiro motivo é conter as contestações contra o poder hegemônico.
É estar ali presente te vigiando com os olhos de raio-x que a lei possui, todas as vezes que alguém estiver tramando algo para reivindicar um amento salarial. É estar ali afiando os dentes para te morder, e te farejar como um doberman, sempre que algum pobre ocupar algum terreno, ou você sem terra entrar na terra improdutiva de alguém.
O motivo da policia existir é garantir que os terrenos dados pelo estado para empreiteiras especuladoras imobiliárias e os grandes empreendimentos possam crescer e se expandir em paz no ES e no Brasil, sem que chegue algum pobre ali para querer usufruir dessa promiscuidade entre estado e empresários.
A interpretação fria da lei é considerada todas as vezes que os interesses da classe dominante precisam dela, e todas as vezes que a lei precisa ser burlada, os tecnicos laureados se contorcem para encaixar o que está escrito dentro do delito cometido! Já, para o pobre, todas as vezes que ele precisa da lei, tem que enfrentar fila, tira xerox, autenticar, enfrentar fila, pegar ônibus, matar serviço, tomar esporro, procurar defensoria pública, tirara xerox, fazer exame, ir ao banco, tomar esporro, pedir, pedir e pedir como se a lei fosse um favor e ele estivesse incomodando ali, só para importunar.
Uma sociedade hipócrita, onde quem tem muito, ganha muito mais, e onde quem tem pouco, é mais prejudicado ainda. E quem tem alguma coisa, na maioria das vezes, acha que tem demais e adota uma mentalidade pequeno-burguesa, preconceituosa, conservadora, de direita, alienada. Não quer saber de nada que está acontecendo, só de futebol, moda e agenda (industria) cultural do caderno dois!
Contra tudo isso que lutamos. Agora é a hora do povo, e quem sabe faz a hora!
Não baixaremos as armas antes da vitória. A lei é para todos, e o povo somos nós!
Estaremos de pé junto ao acampamento "Nova Esperança". até a vitória sempre!
Ousar Lutar
Ousar Vencer!
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